RUANDA

Nyirambabazi, a Mãe de Misericórdia

Meu nome é Florina, e sou mais do que uma anja. Sou o elo entre o céu e a terra, uma guardiã das florestas, dos rios que cantam e das montanhas que silenciam o tempo. Minhas asas são o reflexo do céu romeno ao amanhecer, uma fusão de prata e ouro que brilha como uma promessa de proteção.

Meu corpo carrega as marcas da terra que defendo. Tatuagens de flores dançam em minha pele como poemas vivos: rosas selvagens que contam histórias de coragem, lavandas que sussurram canções de paz, e florescem como a esperança. Cada pétala é um voto de fidelidade à Romênia, uma terra que nunca se curva, mesmo diante das forças mais brutais.

Foi em uma manhã envolta em neblina que minha missão me chamou novamente. Algo estava errado nos Cárpatos. O vento sussurrava em um tom de urgência, e os pássaros silenciaram suas canções. Sem hesitar, abri minhas asas e voei para o coração das montanhas.

Ao chegar, vi os danos. Árvores que haviam resistido por séculos estavam caídas, como gigantes derrotados. Máquinas monstruosas avançavam como feras, arrancando a vida da terra. A floresta, que antes vibrava com energia, agora parecia sufocada. Senti o grito da terra em cada folha esmagada.

Aproximei-me lentamente, meus pés tocando o chão com a leveza de um sopro. Ao estender minhas mãos, senti a energia pulsante sob a superfície. Não era apenas uma floresta; era um santuário vivo, uma conexão profunda com a alma da Romênia.

Minha presença fez o ar ao redor mudar. As sombras projetadas pelas máquinas hesitaram, e o vento carregou um aviso. Abri minhas asas, permitindo que o brilho delas refletisse a luz do sol que começava a romper as nuvens.

— Vocês não têm lugar aqui — declarei, minha voz reverberando como trovão pelos vales.

Com um gesto, invoquei a força das flores que vivem em mim. Do solo, raízes emergiram como serpentes, entrelaçando-se em volta das máquinas, paralisando-as. Árvores tombadas se ergueram novamente, suas folhas renovadas e vibrantes. O ar encheu-se do perfume das flores que brotavam ao meu redor, um lembrete de que a natureza não seria vencida.

Os homens fugiram. Não por medo de mim, mas porque a terra havia se levantado, viva, invencível. Fiquei ali, sozinha, no centro daquela floresta renascida.

Enquanto olhava ao meu redor, uma única lágrima caiu. Não de tristeza, mas de alívio. A terra estava segura novamente, pelo menos por agora.

A floresta respondeu ao meu gesto. Uma rosa desabrochou no solo, com pétalas tão vermelhas quanto o sangue que pulsa nas veias de quem ama esta terra. Peguei a flor e a segurei próxima ao coração.

Essa é minha vida, minha missão. Cada árvore que renasce, cada rio que flui livremente, cada flor que desabrocha é parte de mim. A Romênia vive em cada detalhe, e eu vivo para protegê-la.

Enquanto o sol se punha, envolvendo os Cárpatos em um manto dourado, abri minhas asas e voei de volta às alturas. A batalha havia sido vencida, mas minha missão era eterna. Afinal, enquanto houver Romênia, haverá Florina, a anja protetora que nunca abandona sua terra.

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