A inundação havia transformado a pacata vila de Padma em um labirinto aquático. As casas de barro, antes vibrantes de vida, agora se erguiam como ilhas solitárias, cercadas por um mar de água turva. A fome e o desespero assolavam a população, que se aglomerava em pequenos grupos, buscando abrigo e esperança em meio ao caos.
As crianças, com olhinhos grandes e assustados, observavam o mundo que conheciam desabar. Os adultos, abatidos pela perda de seus lares e meios de subsistência, discutiam acaloradamente sobre o futuro incerto. A culpa e o arrependimento pesavam no ar, como uma névoa densa que obscurecia o céu cinzento.
Foi nesse momento de profunda angústia que Tara surgiu das profundezas do Ganges. Emergindo das águas turvas, como uma deusa brilhava como uma estrela, sua beleza serena contrastando com a destruição ao redor. Com um gesto suave, acalmou as ondas e dissipou as nuvens, revelando um céu estrelado.
Sua voz, melodiosa como o canto de um pássaro, ecoou pela vila: “Filhos da Terra, ouçam minha mensagem. A natureza é poderosa e generosa, mas também pode ser implacável. Vocês devem aprender a respeitá-la e a viver em harmonia com ela. A destruição que veem é o resultado de suas ações. Mas não desanimem, pois há esperança.”
Tara pousou seus pés descalços sobre a terra encharcada e, com um toque mágico, fez brotar flores e plantas, trazendo consigo a promessa de renovação. Seus olhos, cheios de compaixão, percorreram cada rosto presente, inspirando confiança e esperança.
“A partir de hoje, devem construir um futuro diferente. Plantem árvores nas margens do rio, cuidem da terra e respeitem os animais. Aprendam a viver em comunidade, ajudando-se mutuamente. E nunca se esqueçam da lição que a natureza lhes ensinou.”
Com essas palavras, Tara desapareceu nas águas do Ganges, deixando para trás uma vila transformada. Inspirados pela mensagem do Arcanjo do Rio, os habitantes de Padma se uniram para reconstruir suas vidas. Trabalharam incansavelmente para limpar o rio, plantar novas árvores e construir casas mais resistentes.
Aos poucos, a esperança renasceu em Padma. A vila, antes marcada pela destruição, tornou-se um exemplo de resiliência e sabedoria. E Tara, a estrela guia dos rios, continuava a velar por eles, assegurando que a lição aprendida nunca fosse esquecida.
